Uma arte, uma brincadeira, uma expressão popular, um
patrimônio cultural da Paraíba?
Tantos são os conceitos usados para
classificar a arte do Teatro de Bonecos Popular da Paraíba, um teatro do povo
feito por artistas simples, que muitas vezes nem se veem como artistas e sim
como um homem do campo ou da comunidade, que gosta apenas de “fazer uma
brincadeira”.
Homens e mulheres que representam a
cultura popular em sua plenitude, sem preocupação com estética da obra ou com a
dramaturgia cênica, mas com o compromisso da alegria. Uma alegria para quem faz
a brincadeira, como bonequeiro, ajudante ou público, o importante é brincar!
Durante as andanças e registros da
Cia Boca de Cena, ficou claro que a brincadeira do Babau ainda encanta
crianças, jovens e adultos, e que as dificuldades estão na falta de
oportunidades para que esses artistas natos possam mostrar suas artes guardadas
em suas malas repletas de capitães João Redondos, negros Beneditos, Cabos 70,
Rosinhas, Minervinas e tantas outras figuras enlouquecidas para falarem.
Percorremos centenas de quilômetros a
fim de encontramos os grandes Mestres do Babau da Paraíba, caminhada difícil,
pois poucas eram as informações concretas sobre a existência dos mesmos. Era sempre assim: “Ah! Antigamente tinha muito isso por aqui!” ou “Parece que tem um senhor que ainda faz, ele
mora por acolá, mas num sei chegar lá não!!”. E nessa pisada, conseguimos
encontrar tesouros que estavam perdidos Paraíba a fora, como Mestre Mingau de
Cruz do Espírito Santo e Hélio da cidade de Mari. Porém, nesse processo também
nos despedimos de outros maravilhosos brincantes, que infelizmente já partiram
sem dar tempo de repassar seu legado para um aprendiz (Mestre Zequinha da
cidade Bayeux e Mestre Inaldo da cidade de São José dos Ramos). Sem falar no
que se foi repentinamente, o nosso querido Mestre Maestro da cidade de
Bananeiras, que ainda não conseguimos superar sua ausência.
Nosso desejo é que o Babau da Paraíba seja
conhecido pelo mundo inteiro e que essa arte tão singular, consiga ser
repassada para novas gerações da melhor forma possível agregando a essa
passagem, memória cultural, respeito à maestria dos velhos brincantes e
liberdade criativa. Uma missão de continuidade e valorização da arte bonequeira
paraibana. Viva ao nosso Babau!!
Texto: Amanda Viana
Arte: Anderson Santana
Arte: Anderson Santana
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