Próximo às 16:00 horas do último sábado (17/09) chegamos ao centro da cidade de Serra da Raiz recepcionados pelo clima agradável e um pôr de sol maravilhoso. Nem de longe imaginávamos as maravilhas que esta cidade nos proporcionaria! Isso mesmo gente, em sua reta final, a circulação do projeto Benedito e João Redondo pelas ruas da cidade não poderia ser melhor.
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Pôr do sol na Praça Iniguaçu e Igreja Matriz |
Vivenciamos muitos momentos bons , mas a maior e grata surpresa foi o entusiasmo com que o público local nos recebeu. A população serrana tornou-se um espetáculo à parte nas duas noites de eventos por lá. O mestre Clóvis agitou a criançada com seus bonecos e fez os adultos vibrarem com o forrobodó do seu babau.
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Mestre Clóvis e a boneca Raimunda convidando pro forró |
O dia de domingo (18/09) nos presenteou com o descobrimento de algumas das riquezas naturais da região como o Lajedo do Alto e a Loca da Nêga, ambos repletos de marcas históricas infelizmente degradadas e 'apagadas' pelo descaso do poder público e depredações humanas. O cruzeiro com o ponto geográfico mais alto da região - estrategicamente utilizados por povos indígenas, e as pinturas rupestres praticamente não existem mais.
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Trilha para chegarmos à Loca da Nêga |
Porém, a grandiosidade de um lugar e suas marcas não se apagam facilmente. Memórias vivas do município nos fizeram esquecer do tempo com uma aula entusiasta ministrada informalmente pelo escritor e historiador José Augusto de Oliveira que, através da ONG Saci, luta pela preservação histórica, artística e cultural junto com outros ativistas do município.
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Aulão de história com José Augusto - enciclopédia viva |
Viajamos décadas, séculos sem sair do
lugar. Reconhecemos o baile do assustado, pastoril, cangaço, sítio
arqueológico, engenhos, escravatura, descobrimos a nega velha (brincadeira
carnavalesca serrana) e, acima de tudo, os vestígios de quem vivenciou o babau
tradicional por aquelas terras. À luz de candeeiro e empanada improvisada com
lençol estendido de um canto a outro da parede se brincava com bonecos
rudimentares nas bodegas da cidade.
Ouvimos falar de Seu Salustino, o sucessor
dele – Seu Pereira, o rabequeiro que os acompanhava – Seu Adauto (que atuaram
nos anos 60 e 70), até o Geraldo – de quem não se tem mais notícias e o
Severino Miguel (morador da cidade e que não exerce mais a brincadeira),
brincantes populares até meados dos anos 90.
Ficamos felizes com os relatos de ações e mobilização em busca de manter registros da história local e da Paraíba, como por exemplo a estruturação do Museu do Homem Serrano, fundado desde
2013, que reúne artefatos indígenas encontrados em escavações nos arredores da
cidade, objetos seculares de comunicação e uso doméstico, peças de artesãos,
biblioteca comunitária, coleções e obras literárias raras de escritores como Padre
Luis Gonzaga de Oliveira e Manoel Madruga.
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Admirando parte do acervo do Museu do Homem Serrano |
Soubemos da existência de escola de música
para resgatar a tradição secular de banda de música, como também ações junto a
escolas para despertar na juventude local o interesse pela leitura, artes e
cultura através da educação patrimonial que, somados ao trabalho voluntário,
parcerias e doações, multiplicam o trabalho de conscientização dos jovens.
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Peças do artesão José Ferreira |
Conversamos também com seu José Ferreira,
cordelista e artista que trabalha por prazer com a madeira e constrói belas
esculturas. Após tudo isso, recebemos a um público enorme na praça de eventos à
noite para coroar a passagem do projeto por Serra da Raiz com a apresentação do
espetáculo Colcha de Retalhos que cativou a todos.
Nossos agradecimentos ao apoio cultural da
Mesa de Cultura Serrana nas pessoas de Adriano e Felipe, além do patrocínio do Governo
do Estado da Paraíba pelo Fundo de Incentivo à Cultura Augusto dos Anjos – FIC
através da Secretaria de Estado da Cultura.
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Equipe da Cia com Mestre Clóvis e apoiadores - Adriano e Felipe |
O encerramento está próximo, acompanhem
tudo de perto!
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