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terça-feira, 18 de março de 2014

Babau - Uma Sociedade de Bonecos




Uma arte, uma brincadeira, uma expressão popular, um patrimônio cultural da Paraíba?

Tantos são os conceitos usados para classificar a arte do Teatro de Bonecos Popular da Paraíba, um teatro do povo feito por artistas simples, que muitas vezes nem se veem como artistas e sim como um homem do campo ou da comunidade, que gosta apenas de “fazer uma brincadeira”.

Homens e mulheres que representam a cultura popular em sua plenitude, sem preocupação com estética da obra ou com a dramaturgia cênica, mas com o compromisso da alegria. Uma alegria para quem faz a brincadeira, como bonequeiro, ajudante ou público, o importante é brincar!

Durante as andanças e registros da Cia Boca de Cena, ficou claro que a brincadeira do Babau ainda encanta crianças, jovens e adultos, e que as dificuldades estão na falta de oportunidades para que esses artistas natos possam mostrar suas artes guardadas em suas malas repletas de capitães João Redondos, negros Beneditos, Cabos 70, Rosinhas, Minervinas e tantas outras figuras enlouquecidas para falarem.

Percorremos centenas de quilômetros a fim de encontramos os grandes Mestres do Babau da Paraíba, caminhada difícil, pois poucas eram as informações concretas sobre a existência dos mesmos.  Era sempre assim: “Ah! Antigamente tinha muito isso por aqui!” ou “Parece que tem um senhor que ainda faz, ele mora por acolá, mas num sei chegar lá não!!”. E nessa pisada, conseguimos encontrar tesouros que estavam perdidos Paraíba a fora, como Mestre Mingau de Cruz do Espírito Santo e Hélio da cidade de Mari. Porém, nesse processo também nos despedimos de outros maravilhosos brincantes, que infelizmente já partiram sem dar tempo de repassar seu legado para um aprendiz (Mestre Zequinha da cidade Bayeux e Mestre Inaldo da cidade de São José dos Ramos). Sem falar no que se foi repentinamente, o nosso querido Mestre Maestro da cidade de Bananeiras, que ainda não conseguimos superar sua ausência.

 Nosso desejo é que o Babau da Paraíba seja conhecido pelo mundo inteiro e que essa arte tão singular, consiga ser repassada para novas gerações da melhor forma possível agregando a essa passagem, memória cultural, respeito à maestria dos velhos brincantes e liberdade criativa. Uma missão de continuidade e valorização da arte bonequeira paraibana. Viva ao nosso Babau!!


Texto: Amanda Viana
Arte: Anderson Santana


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