Colaboradores

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

Em Pedras de Fogo a passagem de Benedito e João Redondo pelas ruas da cidade foi espetacular

Na tarde do último sábado (23/02) a produção da Cia Boca de Cena chegou ao município de Pedras de Fogo e foi direto ao Parque Ecológico Padre Sílvio Milanez para reconhecimento do espaço e início dos preparativos da primeira apresentação. Os integrantes do grupo especialmente convidado chegou. Empanada montada, cenário e iluminação também.
Montagem do grupo Babaulengo
Lá vieram Pedro Luiz, Joelson Pereira e Ademilton Barros atraindo os frequentadores do parque com uma percussão maravilhosa de seu ganzá, zabumba e rabeca. Era o Babaulengo chamando o povo pra assistir ao espetáculo 'Viver, Sorrir e Brincar'.
Percussão arretada
E o fim de tarde foi maravilhoso. O público presente vibrou com a apresentação e se emocionou, consternado, quando o grupo ofereceu a apresentação ao seu mestre de cultura popular Zé da Rabeca, recém falecido, que os inspirou em folguedos como coco de roda e cavalo marinho. Foi lindo!
Espetáculo ótimo
Domingou (24/02) e, já de manhã, a equipe de produção do projeto na companhia do guia Pedro Luiz, saiu para a pesquisa de campo na busca pelos mestres que formaram esse jovem brincante na arte da brincadeira do babau.
O primeiro a visitarmos em sua bodega foi José Benevides, popular Seu Zé, natural de Vicência em Pernambuco, mas atuante na brincadeira do babau / mamulengo pela região de Itambé e Pedras de Fogo. Inspirou jovens brincantes e construiu bonecos há poucos anos atrás, porém, sob a justificativa da violência e falta de respeito com a arte do brincante popular, está fora de cena, dedicado a vendas e agricultura. Mas sentimos a chama ainda acesa daqueles que já fizeram da cultura popular um modo de vida.
Brincante que é brincante vai até de maracatu
Depois chegamos à casa do adorável Manoel Cassiano que aos 90 anos, lúcido e ativo, nos abriu as portas de sua residência para mostrar seus bonecos. Ele nos confidenciou que viu o primeiro babau e cavalo marinho no sítio da Lapa em Itambé com um brincante chamado Caetano, com quem aprendeu a brincar. Atuou por vinte anos direto e a brincadeira virava a noite até o amanhecer do outro dia. Seu Cassiano ainda é atuante em sua comunidade, também toca, dança ciranda e já tem o neto Alan como ajudante e herdeiro de toda essa riqueza popular.
O jovem e também brincante Pedro nos falou que ele saía na rua e começava a gritar: "Cadê o povo dessa rua êin?! Larga a novela e vem vê o babau e a ciranda!". Em pouco tempo a rua se enchia para assistir a brincadeira.
Maravilha encontrar Seu Caetano
E pensam que acabou? Que nada! Fomos em direção à feira de rua da cidade e lá num barzinho estava o dono do negócio e também babauzeiro - José Maria, popularmente conhecido como Bodete. Natural de Itambé, já admirava e aprendeu a brincar com Diraldo na zona rural da região. Seus bonecos não estavam com ele, não pudemos conhecer, mas uma fala sua nos chamou atenção: "Hoje a droga e a violência tomou conta do país porque os políticos deixaram de olhar pra cultura".
Com falas e depoimentos como estes, sentimos muito que a cultura popular venha perdendo cada vez mais espaço entre as comunidades, seja por falta de incentivo das gestões ou problemas socioeconômicos.
Encontro com Seu Bodete
O saldo da pesquisa foi mais que positivo e retornamos ao Parque Ecológico (área verde) para o coroamento da passagem do projeto pela cidade com a apresentação da Cia Boca de Cena. O salão se encheu e o clima ferveu de emoção, diversão e alegria com o espetáculo Colcha de Retalhos.
Agradecemos ao apoio cultural da Prefeitura Municipal de Pedras de Fogo, aos apoiadores locais e ao público show pela acolhida.
Agradecimentos finais ao público
Com patrocínio do extinto Ministério da Cultura através da Secretaria da Diversidade Cultural, este projeto, que foi selecionado no Edital 2018 Culturas Populares - edição Selma do Coco, continua! Isso mesmo, ainda temos mais um município para visitar. Faremos intervalo quase que obrigatório para o carnaval e, logo após as festividades, retomaremos os trabalhos. Aguardem!


Bonecos do brincante Seu Zé

Parque Ecológico - área de lazer agradável


Equipe Boca de Cena e brincantes locais
 

terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

Em Sobrado foi uma belezura só, Benedito e João Redondo tiveram a grata surpresa de encontrar mais um brincante babauzeiro! E o circuito continua rumo a Pedras de Fogo.

No último sábado (16/02) iniciamos a circulação da quarta etapa do projeto com pesquisa de campo em Sobrado e foi muito gratificante saber através do diretor de cultura municipal e nosso guia – Edno Luna, que o município detém representações de crocheteiras, cordelistas, compositores, desenhistas e jovens poetas. Mas a cereja do bolo se mostrou depois do bate-papo e cruzamento de informações que a Cia já detinha da existência de bonequeiro pela região ainda não identificado em nossas pesquisas.
Foi aí que o também multi artista (músico, cordelista, compositor, xilo gravurista, professor...) e nosso guru Edno Luna nos confidenciou que na zona rural próxima à cidade existiu tempos atrás um bonequeiro que tinha deixado de brincar babau, mas ainda mantinha seus bonecos guardados. Benedito e João Redondo tavam se tremendo dentro da mala só em pensar em conhecer mais bonecos e brincantes do babau da Paraíba. Depois de rápida articulação seguimos rumo à comunidade Barra de Antas que, territorialmente, já pertence ao município vizinho de Sapé.

Logo ali, depois do cemitério e praticamente às margens do Rio Gurinhém, chegamos à casa de José Targino dos Santos, popularmente conhecido por ‘Zé de Puiga’ ou ‘Puiguinha’ que do alto dos seus 62 anos de vida ainda esbanja vigor e compartilhou conosco memórias de trinta anos atrás quando conheceu o babau e foi aprendiz do memorável Antônio do Babau da cidade de Mari.
E mais, não era só um não minha gente, era uma dupla de dois! Isso mesmo, Seu José brincava e era ajudante do seu primo Cassiano, juntos formaram a dupla de brincantes ‘Cassiano e Zé de Puiga’ que atuou durante anos nas comunidades circunvizinhas, com bonecos confeccionados por eles e doados pelo mestre Antônio do Babau.
Sua esposa no canto do terraço nos confidenciou: “era tanta da gente pra assisti meu fi! e fazia a gente ri dimai”. Sem contar que o babau deles era revolucionário, pois décadas atrás já usava som, microfone e transformador pra transmitir via rádio FM pras cidades vizinhas a brincadeira que acontecia nas comunidades rurais de Riachão, Areia Vermelha e Anta dos Anjos.

Mas Seu José, por que esse nome? – pergunta a coordenadora e pesquisadora Amanda Viana. Ele responde: “Meu pai vendia ‘detefon’ pra matar insetos e pulgas, eu o acompanhava, daí a comunidade passou a me chamar de Puiguinha e depois que cresci virei Zé de Puiga”. E todos na sala caíram na risada! Hehehehehhh
Durante anos, com a mudança de Cassiano para outro estado, Seu José que só brincava com o primo, desmotivou, vendeu o som e guardou os bonecos na mala. Porém, a boa notícia é que recentemente o primo voltou a morar no estado, mais próximo, e tem planos de voltar a viver na comunidade. Convites surgiram e fomos conhecer os bonecos pendurados num varal do sítio de um amigo que estava retocando as pinturas em tinta a óleo na madeira de mulungu.
Conhecemos seus bonecos Benedito, João Redondo, Quitéria, Zé Moreno, Capeta, Seu Banha, Rosane e duas relíquias confeccionadas por Mestre Antônio do Babau. Para nós um bom sinal de que a brincadeira pode retomar a qualquer momento, principalmente depois da articulação com a gestão local e injeção de ânimo deixado com a passagem do projeto por lá.
Equipe Boca de Cena, Edno e Zé de Puiga
Retornamos à cidade pelas trilhas das ciriguelas e mangas, paramos em frente ao prédio público onde o Diretor de Cultura Edno Luna e a Secretária de Cultura Claudine Coelho nos confidenciaram que há uma expectativa enorme da gestão e população para a inauguração e ampliação do projeto da Casa de Cultura, que pretende ocupar um casario histórico do município para acolhimento de jovens talentos, preservação e divulgação da cultura local através de espaços como a Casa da Memória, Clube de Leitura e Escola de Música.

Admiramos a igreja matriz de São João Batista (patrimônio histórico estadual), como também o simpático e preservado casario, com casa antiga de reforma datada de 1896. Também avistamos o ponto alto da colina onde existiu um sobrado que foi referência para viajantes séculos atrás e deu origem ao nome da cidade. O clima é que se manteve instável e por segurança nos fez ocupar o Ginásio Joaquim Braz.
Igreja Matriz - patrimônio histórico estadual
A noite caiu, o convidado especial chegou e estava tudo pronto para ofertar à população o que há de melhor no teatro de bonecos popular da Paraíba. Após a missa o público preencheu os espaços, o Mestre Clébio iniciou a noitada de espetáculos com seus bonecos ventríloquos e depois a Cia Boca de Cena apresentou o ‘Tem Boi no Algodão’. Foi a coroação de um belo início de circulação que contou com apoio e presença de amigos, gestão municipal e articuladores culturais estaduais que durante e após as ações, se reuniu e confabulou bastante sobre as possibilidades de impulsionar os projetos da cidade durante coquetel de encerramento na Casa da Cultura. Somos ativistas!
Mestre Clébio e seus bonecos ventríloquos
Deixamos aqui nosso agradecimento especial ao apoio cultural recebido da Prefeitura Municipal de Sobrado. E como já sabemos isso foi só o começo minha gente. A circulação continua e ainda esta semana ocuparemos as ruas de Pedras de Fogo. Já no próximo sábado (23/02/2019), às 16h30, no Parque Ecológico Padre Sílvio Milanez, haverá a participação especial do Grupo Babaulengo da cidade com o espetáculo 'Viver, Sorrir e Brincar'.
Programem-se para os dois dias de eventos e compareçam!
No domingo (24/02/2019) a nossa equipe fará o trabalho de pesquisa de campo com registros de bonequeiros locais durante o dia e no fim da tarde apresentaremos o espetáculo ‘Colcha de Retalhos’ de forma gratuita, no mesmo local e horário do evento no dia anterior, para todos que comparecerem.
Grupo Babaulengo que irá se apresentar na cidade
Este projeto foi selecionado no Edital 2018 Culturas Populares – Edição Selma do Coco. Trata-se de uma realização da Cia Boca de Cena com patrocínio do extinto Ministério da Cultura, através da Secretaria da Diversidade Cultural e contará com o apoio cultural da Prefeitura Municipal de Pedras de Fogo no próximo final de semana.
Agradecimentos finais ao público
E o babau não pode parar! Deixamos com vocês uma frase do brincante Zé de Puiga: “Se a gente botá um pedaço de pau na mão e soubé falá, todo mundo ri”. Até breve pessoal!


Casario antigo



Gestões municipal e estadual com Cia Boca de Cena

Amigos Bira e Fabiana vieram da capital nos prestigiar

Admirando paisagem às margens do Rio Gurinhém


terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

A 4ª etapa das andanças de Benedito e João Redondo pelas ruas da cidade vai começar!


O trabalho de circulação de espetáculos de teatro de bonecos popular (tradicional e contemporâneo) junto com mapeamento cultural e pesquisa de campo não podem parar. É por isso que o ‘Benedito e João Redondo pelas ruas da cidade’ está de volta, mesmo após mais de 20 municípios percorridos em três edições anteriores.

As ações de documentação e fomento à manutenção do teatro de bonecos popular da Paraíba necessitam de aplicabilidade constante em prol de um dia, quem sabe, promover sua sustentabilidade – objetivo final de tudo aquilo que é reconhecido como patrimônio cultural do Brasil.
Noticiamos que a brincadeira do babau tomará as ruas de mais três municípios a partir deste mês através da quarta etapa do projeto que foi selecionado no Edital 2018 Culturas Populares – Edição Selma do Coco, e passará por Sobrado, Pedras de Fogo e Lagoa de Dentro.
A partir do próximo sábado (16/02) daremos continuidade à pesquisa de campo, diálogo com as gestões públicas de cultura e educação, a circulação de espetáculos e o registro e documentação de bonequeiros que ainda não constavam na amostra de nossa pesquisa.
Programem-se!
 E a primeira cidade onde passaremos será Sobrado, que receberá em frente à igreja matriz de São João Batista, às 20:00h, dose dupla de bons espetáculos. Em caso de chuva, as apresentações ocorrerão no Ginásio Joaquim Braz.
Primeiro teremos a participação especial do Mestre Clébio, da cidade de Guarabira, que trará seus bonecos ventríloquos para apreciação do público. Depois será a vez da Cia Boca de Cena apresentar o ‘Tem Boi no Algodão’ promovendo a oportunidade da comunidade local conhecer e reconhecer variadas faces do teatro de bonecos popular paraibano.
Mestre Clébio e seus bonecos ventríloquos
 As ações contam com apoio cultural da Prefeitura Municipal de Sobrado e patrocínio do extinto Ministério da Cultura, através da Secretaria da Diversidade Cultural. Aguardem o resultado do mapeamento cultural realizado nesta localidade em breve, pois mais que simples atividades, tratam-se de ações de salvaguarda em prol do babau.
Simbooooooooooooooooooora meu povo!
Benedito e João Redondo na fazenda
Interação com o público durante espetáculo