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quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Benedito e João Redondo levaram muito ‘café com barro’ pra levantar o astral do povo cajazeirense

Muitos quilômetros rodados desde a madrugada do sábado (05/10) e, finalmente, chegamos ao alto sertão paraibano quase na fronteira com o Estado do Ceará para além de sentir um calorão, apreciar aquele que é considerado um dos pores do sol mais belo da região.
Pôr do sol no Açude do Leblon
Chegamos na Praça do Leblon, à beira do açude da cidade, aprontamos tudo para apresentar ao público local a tradicional brincadeira do babau com o Vavau (natural de João Pessoa), mas antes do início da primeira noite de espetáculos, uma pausa para o registro de um momento singular e emocionante: a entrega de um boneco confeccionado especialmente para o menino Guilherme por seu padrinho (nosso Diretor de Palco - José Valério) a fim de estimular ainda mais seu encantamento pelo teatro de bonecos popular.
Emoção da entrega do boneco para o menino Guilherme
O pessoal chega, a percussão com pandeiro está preparada e Vavau inicia a brincadeira que cativa o público, até então, tímido de Cajazeiras. Mas não por serem retraídos e, sim, por não estarem familiarizados com a arte do babau. Poucos que estavam presentes na plateia tinham vivenciado algo parecido. Porém, ao final, gostaram do que viram.
No domingo, mais uma vez, tivemos gratas surpresas durante a pesquisa de campo cultural em Cajazeiras. Apesar de não encontrarmos para registro o grande mestre do Reisado - Manuel Francisco dos Santos (Xexéu) por estar hospitalizado, fomos agraciados em conhecer a bela história do também mestre Joaci de Sousa Costa, que aprendeu a brincar no Juazeiro do Norte junto com o irmão e deram continuidade à prática do Reisado em Cajazeiras com seu primeiro mestre - o Zezinho, e até hoje guarda os figurinos e a vontade de continuar a brincadeira na cidade, que há tempos está adormecida pela falta de diálogo e apoio dos poderes públicos.
Aprendendo a dançar Reisado com Mestre Joaci
Nas tomadas externas avistamos a influência cearense na cidade pela figura do Padre Cícero em monumentos e ex-votos espalhados em praça temática. Passamos pela Igreja Matriz de Nossa Senhora da Piedade, suntuosa e belíssima; também pelo coreto e crucifixo históricos que são marcos da passagem de cangaceiros pela cidade, além da espetacular vista aérea do município lá do alto da pedra da estátua do Cristo Redentor sertanejo.
Em mais um fim de tarde nos dirigimos ao local das apresentações para mais um registro importante: os repentistas Chico Xavier e Francisco Matias deram um show em recital e tocatas nas violas em mais um pôr do sol incrível às margens do Açude do Leblon, cantarolando as delícias e lutas do sertanejo, além do engraçadíssimo 'casamento dos doidos'.
Gravações com a dupla de repentistas
Animados e aquecidos pelas altas temperaturas da cidade, nos preparamos para encenar o espetáculo 'Colcha de Retalhos' com um convidado especial para acompanhar tudo dentro da empanada (o garoto Guilherme - 'Nem'). Dessa vez o público chegou cedo e estava ansioso para assistir a apresentação da Cia Boca de Cena.
Segunda noite de espetáculos com a Cia Boca de Cena
As personagens usaram e abusaram das receitas e histórias locais muito interessantes que descobriram por lá, como por exemplo: 'café com barro pra levantar o moral', 'mulher de fora quando chega fica logo quente', 'eu não deixo recado, traduzo', além do famoso 'have metal do senhor'. Não teve jeito, foi batata e sucesso garantido!
Agradecemos pela vivência dessa experiência ótima ao patrocínio do Governo do Estado da Paraíba através da Secretaria de Estado da Cultura, além do apoio cultural da Prefeitura Municipal de Cajazeiras.
Aguardem as próximas descobertas e aventuras de Benedito e João Redondo pelas ruas da cidade.
Cristo Redentor sertanejo - de Cajazeiras
Fachada da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Piedade
Apresentação do babau do brincante Vavau no sábado

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